QUEM É JESUS CRISTO? (JUAN DE PAULA)

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“Um homem que foi simplesmente um homem e disse as coisas que Jesus disse não poderia ser considerado um grande mestre da moral. Ou ele foi um lunático – do mesmo nível do homem que disse ser um ovo poché – ou foi o Diabo do Inferno. Você pode considerá-lo tolo, pode cuspir nele e matá-lo como se fosse um demônio; ou prostrar-se a seus pés e chamá-lo Senhor e Deus. Mas não podemos vir com essas idéias tolas e complacentes de que ele foi um eminente mestre humano. Ele não deixou brecha para isso. Ele não teve essa intenção.” (C. S Lewis)

Certa ocasião, quando novo convertido, estava participando de uma evangelização do bairro onde morava e entreguei um folheto para um homem no quiosque que me disse admirar Jesus Cristo. Ao conversar com ele, foi clara a sua percepção da pessoa de Jesus sendo alguém alternativo semelhante a Raul Seixas ou Bob Marley, ou um revolucionário como Che Guevara. E então debatemos sobre a pessoa de Cristo. Afinal, quem foi Jesus Cristo? Vamos trabalhar em três etapas:

  1. A pessoa de Jesus Cristo (Cristologia) a luz da Bíblia.
  2. As heresias cristológicas ao longo da história da igreja (e suas conexões com a atualidade)
  3. As implicações práticas sobre a compreensão correta da pessoa de Jesus Cristo (o que este estudo tem a ver com a nossa relação com Deus)?

Antes, desejo apenas definir o vocabulário Cristologia como um ramo da Teologia Sistemática (disciplina teológica que estuda os temas da Bíblia como um todo) que estuda a pessoa de Jesus Cristo.

1 – A pessoa de Jesus Cristo (Cristologia) a luz da Bíblia:

Classicamente definimos Jesus Cristo como o Deus-filho, uma pessoa, porém com duas naturezas, plenamente Deus, plenamente homem, 100% Deus, 100% homem. O nome técnico que deram no passado foi união hipostática, a união das duas naturezas, divina e humana na pessoa de Jesus Cristo. Ele o será assim para sempre.

Há um vasto material bíblico sobre essa temática.

1.1 – A humanidade de Jesus Cristo

1.1.1 – Nascimento Virginal: Mateus 1:18; 20; 24-25

1.1.2 – O corpo humano de Jesus: Foi um bebê (Lucas 2:7) e cresceu (2:40, 52). Experimentou sensações humanas: Cansaço (João 4:6); Sede (19:28); Fome (Mateus 4:2); Morte (Lucas 23:46); Angustia (João 12:27; 13:21); Choro (João 11:35) – porém nunca pecou (Hebreus 4:15) Impecabilidade (4:14-16).

Por que foi necessário que Jesus Cristo fosse humano?

R: Para obedecer a lei em nosso lugar (Romanos 5: 18-19); ser sacrifício substituto (Hebreus 2:16-17), único mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2:5).

1.2 – A Divindade de Jesus Cristo:

1.2.1 – Jesus Cristo como Senhor (Lucas 2:11).

1.2.2 – Jesus Cristo como Deus (João 1:1)

1.2.3 – Jesus Cristo tem os atributos da divindade (João 2:1-11; Colossenses 1:16-17; Apocalipse 22:13).

  • A Bíblia revela que Jesus Cristo é plenamente divino (Colossenses 1:9; 2:9).
  • Por que a divindade de Jesus é necessária? R: Para a nossa salvação (Jonas 2:9).
2 – As heresias cristológicas ao longo da história da Igreja:

Quando começaram as controvérsias em torno da pessoa de Jesus Cristo na história, a Igreja Cristã teve que se posicionar, o que aconteceu no concílio de Calcedônia em 451.d.C Ali foi afirmado à plena divindade e plena humanidade de Jesus Cristo em uma só pessoa no Deus-filho.

2.1 – Apolinarismo: Sustentava que a pessoa de Jesus Cristo possuía um corpo humano, mas não uma mente ou espírito humano. O corpo era humano, mas a mente ou o espírito divino. Apolinário, bispo de Laodicéia, 361 d.C. Rejeitado pelo concílio de Alexandria 362 d.C e Constantinopla 381 d.C.

2.2 – Nestorianismo: Sustentava que havia duas pessoas distintas em Cristo, uma humana e outra divina. Nestório, pregador em Antioquia e, posteriormente, bispo de Constantinopla, 428. d.C. Curiosidade.

2.3 – Monofisismo (eutiquianismo): Uma pessoa e uma natureza. A natureza humana foi absorvida pela divina. Êutico (c. 378-454 d.C.), líder de um mosteiro em Constantinopla.

2.4 – Docetismo: Nega a humanidade de Cristo partindo do pressuposto que a matéria é má. Nenhum líder eclesiástico de destaque defendeu o docetismo mas essa heresia foi divulgada durante alguns séculos desde a época do apóstolo João.

          Declaração de Calcedônia (8 de Outubro à 1º de Novembro de 451 d.C.)

(…) Todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, perfeito quanto à humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, constando de alma racional e de corpo; consubstancial [hommoysios] ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; “em todas as coisas semelhante a nós, excetuando o pecado”, gerado segundo a divindade antes dos séculos pelo Pai e, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, gerado da Virgem Maria, mãe de Deus [Theotókos];
Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, conseparáveis e indivisíveis;[1] a distinção da naturezas de modo algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar uma só pessoa e subsistência [hypóstasis]; não dividido ou separado em duas pessoas. Mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo Senhor; conforme os profetas outrora a seu respeito testemunharam, e o mesmo Jesus Cristo nos ensinou e o credo dos padres nos transmitiu.
Conexão:

Você consegue discernir grupos hoje que mantém uma posição semelhante com as heresias citadas acima?
“Quaisquer que sejam as tradições teológicas, historicamente, a cristologia de Calcedônia tem sido o divisor de águas entre o verdadeiro cristianismo e o falso cristianismo. Conforme elaborada e discutida em profundidade por Anselmo de Cantuária, Martinho Lutero, João Calvino, Karl Barth e centenas de outros, a Definição de Calcedônia – embora vista como obsoleta por muitos – continua sendo o modelo clássico para cristologia porque procura ser fiel às Escrituras.” J. Scott Horrell – professor do Dallas Theological Seminary, ex-missionário no Brasil.
O que pensar, por exemplo, dos Testemunhas de Jeová que não acreditam na divindade de Jesus Cristo?

3 – As implicações práticas sobre a compreensão correta da pessoa de Jesus Cristo ou o que este estudo tem a ver com a nossa relação com Deus.

3.1 – Crer corretamente implica em uma piedade, uma relação com Deus mais profunda. Para estarmos conectados com Cristo, precisamos conhecê-lo. “Para sentirmos profundamente, precisamos pensar profundamente” C.J. Mahaney.

3.2 – Esta crença direciona para a glória de Deus (2 Coríntios 4:6). Isso mostra que Jesus Cristo é poderoso, trás alegria e paz (João 14:27), é o Pão da Vida (João 6:35) e Cordeiro de Deus que resgata os nossos pecados (Apocalipse 4:6).

3.3 – Qual o problema de não crer corretamente para a devoção? Se focarmos apenas na divindade de Jesus, nossa devoção será farisaica, legalista, moralista e religiosa não levando em conta que Jesus chorou e teve compaixão das pessoas. Se focarmos apenas na humanidade de Jesus, nossa devoção será carnal, humanista e libertina, sem considerar que Deus é Santo e chama os salvos para crescerem em santidade (Levíticos 11:44).


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CORAÇÃO PURO, CONSCIÊNCIA BOA E FÉ SEM HIPOCRISIA

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1 TIMÓTEO 1.3-7                        

Após demonstrar o seu amor e cuidado por Timóteo (vv. 1,2), Paulo passa a instruí-lo sobre como lidar com as pessoas; especialmente aquelas que distorciam o Evangelho de Cristo. 

Também o orientou a admoestar os cristãos imaturos a não se ocuparem com fábulas (mitos gnósticos) e genealogias (lendas judaicas), que só serviam para promover discussões vãs (v.3). 

Tais pessoas, afirma Paulo, “perderam-se em loquacidade frívola (verborreia), pretendendo passar por mestres da lei, não compreendendo, todavia, nem o que dizem, nem os assuntos sobre os quais fazem ousadas asseverações” (vv. 6,7) – Versão Revista e Atualizada - RA 

Timóteo, entretanto, precisava ter em mente o intuito da presente admoestação“Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia” (v. 5) – versão Revista e Atualizada - RA

Paulo acreditava que os falsos ensinamentos produziriam nos efésios exatamente o contrário do que o Evangelho produz. Em vez de um coração puro, um coração impuro; no lugar de uma consciência sã, uma mente maliciosa; e, em vez da fé sem hipocrisia, uma espiritualidade fingida, de fachada. Em síntese, o que o apóstolo temia era que os cristãos em Éfeso se afastassem do único fundamento da fé e do único caminho para a salvação: Jesus Cristo.

É impressionante o poder devastador de um ensino bíblico falso. É capaz de fazer com que até a lei de Deus que, em essência, é boa e vital, se torne um artefato perigoso (v.8). 

O pastor e teólogo presbiteriano brasileiro Júlio Andrade Ferreira, in memoriam, costumava dizer que “a Bíblia é a mãe de todas as heresias”; alertando os seus leitores para o perigo real de interpretações errôneas e heréticas dás Sagradas Escrituras. Interpretações feitas a partir de conveniências humanas e esquemas carnais. 

Hans Bürki, explica que os adjetivos puro, bom e sem hipocrisia na realidade podem ser intercambiados, porque se referem à mesma coisa: à mentalidade límpida e pura do ser humano, como um todo, em pensamentos, palavras e ações. 

Ao criar um coração novo, diz Bürki, o objetivo de Deus é recriar, por meio do seu Espírito, uma mentalidade pura e direcioná-la à plenitude e ao alvo final de toda a vida: amor a Deus - a partir da verdade que é Cristo -, e amor ao próximo - a partir do ser humano nascido de novo. 


 Irailton M. Souza