EVANGELIZAÇÃO POR PROXIMIDADE - RUBEM AMORESE

0 comentários

Deus estava, em Cristo, evangelizando o mundo. 

Esta boa nova, certamente, não era desconhecida, insuspeita; já havia sido profetizada muitas vezes e de diversas maneiras. A encarnação aconteceu na história, resultado de muita preparação; na plenitude de tempos e movimentos de homens, anjos e do próprio Deus. 

Entretanto, Deus estava, agora, consumando seus propósitos, concebidos em tempos imemoriais. Oferecia-nos a sua reconciliação, a sua paz, por meio do estreitamento dos laços, da proximidade, de gestos de amor dadivoso. Sim, agora seu método seria o de se fazer um conosco, por meio de seu Filho, achado em figura humana. Emanuel. As distâncias insuportáveis a quem ama foram eliminadas e o único imponderável seria se lhe permitiríamos tal proximidade, se o aceitaríamos em nossos espaços íntimos, se o receberíamos em nossas casas. Talvez fosse esperar demais de gente que lhe dera tantas provas de soberba e independência. 

Seríamos capazes de abrir mão da nossa aparente autonomia para aceitar seu senhorio? Não seria esse um plano destinado ao fracasso? Não haveríamos de rejeitá-lo para preservar nosso maior tesouro, o nosso ego? 

Sim, talvez fosse um plano maluco. Entretanto, há que se considerar o amor com o qual nos amou. Um amor tal que o moveu a dar-se. E assim fez. Vimos o menino, conhecemos o homem e contemplamos a cruz. Nela estava a prova cabal desse amor quase incompreensível. Se considerarmos as perspectivas de reciprocidade, as chances eram pequenas. 

Deus estava, em Cristo, evangelizando o mundo. 

Contudo, assim foi e assim se fez. E o que os nossos olhos viram, e as nossas mãos apalparam, isso nos transtornou. Como que por milagre, trouxe-nos nova vida. Porque ouvimos palavras de vida, porque nele estava a vida, sua luz nos iluminou. E isso quisemos anunciar. 

Entretanto, se é assim o caminho da evangelização, e se aceitamos o encargo de sermos seus ajudadores, por que o fazemos tão à distância? Por que permitimos as separações físicas e emocionais que nos afastam do modelo? 

É bem verdade que as cartas, os livros, os sermões para as multidões e outros meios não foram invalidados. Serviram e servem ao propósito reconciliador. Porém, ficou provado que, se eram necessários, não foram suficientes. Foi preciso encarnar. A encarnação, essa sim, se mostraria necessária e suficiente.

_______

E O COPO FOI PARAR NO LIXO

0 comentários

Ponho o leite para ferver num copo. O microondas faz seu trabalho e, em dois minutos, posso retirar o leite para beber com café. Mas não posso bebê-lo. Um acidente. Quando posto o copo quente na pia, ele racha. Preciso ferver outro leite. Pego então outro frasco, refratário, resistente, robusto. Ligo o microondas. Finalmente posso tomar o meu café (com leite).

Podemos ser copos frágeis que não aguentam as mudanças bruscas da vida. No entanto, devemos ser copos capazes de resistir às intempéries da vida. Um copo frágil não sabe quando encontrará mudança. Um copo firme também não sabe, mas está preparado. Vivemos geralmente como copos frágeis, bonitos, funcionais, mas frágeis. Meu copo frágil foi em pedaços acondicionado para o lixo. Preciso ser copo firme e forte. Esta é uma tarefa para hoje e todos os dias. Penso no ministério do Espírito Santo como o de nos fortalecer. A questão é se permitimos. 


Israel Belo de Azevedo | Prazer da Palavra

SOLI DEO GLORIA: NOSSA ÚNICA AMBIÇÃO

0 comentários


O mundo está cheio de pessoas ambiciosas. Mas Paulo disse: "Tem sido minha ambição, deste modo, pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado" (Romanos 15:20). Uma vez que Deus falou de forma tão clara e salvou de forma tão definitiva, o crente é livre para adorar, servir e glorificar a Deus e gozá-lo para sempre, começando agora. Qual é a ambição do movimento evangélico? Agradar a Deus ou agradar a homens?

A nossa felicidade e alegria se encontra em Deus ou em alguém ou algo mais? O nosso culto é entretenimento ou adoração? A meta da nossa vida é a glória de Deus ou a nossa auto-realização? Vemos a graça de Deus como a única base para a nossa salvação, ou ainda estamos buscando alguma parte do crédito para nós mesmos? Estas questões revelam uma flagrante centralização no homem nas igrejas evangélicas e no testemunho geral dos nossos dias.

Robert Schuller diz que a Reforma "cometeu um erro porque estava centrada em Deus, em vez de centrada no homem", e George Lindbeck, de Yale, observa o quão rapidamente a Teologia Evangélica aceitou este novo evangelho: "Nos anos cinqüenta, foi necessário existir os liberais para que houvesse aceitação a Norman Vincent Peale, mas como o caso de Robert Schuller indica, hoje os conservadores professos engolem suas idéias."

Muitos historiadores olham em retrospectiva para a Reforma e admiram suas influências de longo alcance na transformação da cultura. A ética do trabalho, a educação pública, o aperfeiçoamento cívico e econômico, um reavivamento da música, das artes, e um sentimento de que toda a vida, de alguma forma, está relacionada a Deus e à sua glória: 
Esses efeitos levaram historiadores a observar com um senso de ironia como uma teologia do pecado e da graça, a soberania de Deus sobre a impotência dos seres humanos, e uma ênfase na salvação pela graça à parte das obras, poderia ser o catalisador para uma energética transformação moral. Os reformadores não se propuseram lançar uma campanha política ou moral, mas eles provaram que, quando colocamos o Evangelho em primeiro lugar e damos voz à Palavra, os efeitos inevitavelmente se seguem.
Como podemos esperar que o mundo leve Deus e Sua glória a sério se a Igreja não leva? O lema da Reforma, Soli Deo Gloria estava esculpido no órgão da igreja de Bach em Leipzig e o compositor assinava suas obras com as iniciais deste lema. Ele está inscrito sobre tabernas e salões de dança nas áreas antiga de Heidelberg e de Amsterdã, um duradouro tributo a um tempo em que o perfume da bondade de Deus parecia encher o ar. Não foi uma idade de ouro, mas um tempo de espantosa restauração de fé e prática centradas em Deus. Eugene Rice, professor da Universidade Columbia, oferece uma conclusão adequada:

“Muito mais, os pontos de vista da Reforma a respeito de Deus e da humanidade servem de medida para o abismo existente entre a imaginação secular do século XX e a embriaguez do século XVI com a majestade de Deus. Podemos exercer apenas uma concessão histórica ao tentarmos entender como é que as inteligências mais brilhantes de toda uma época encontraram uma suprema e total liberdade para abandonar a fraqueza humana em favor da onipotência de Deus”.

Soli Deo Gloria!


Michael Horton

_____