Evangelizar é tarefa para todos os cristãos. Vimos também que evangelizar é compartilhar o Evangelho do Reino: a possibilidade do ser humano colocar-se debaixo do governo de Deus, através da vida, morte e ressurreição de Cristo. É bom lembrar que o objetivo do evangelismo é o DISCIPULADO. Ninguém melhor para nos ensinar sobre como evangelizar do que o próprio Senhor. Vamos estudar João 4 e aprender os princípios do evangelismo pessoal.
Aprendendo com Jesus os Princípios do Evangelismo Pessoal: Jesus nos deixou um maravilhoso exemplo de como evangelizar através do seu encontro com a mulher samaritana (João 4:1-29).
1º) IR ATÉ ELES (vs. 3 a 7)
O método que muitos crentes utilizam (e também Igrejas) é o de esperar que os não crentes venham até nós. Observe que Jesus não esperou que aquela samaritana fosse procurá-lo em Jerusalém, ou mesmo em Cafarnaum, na Galiléia. O texto bíblico conta que Ele foi até Sicar, junto a um poço aberto pelo patriarca Jacó, e que ficou ali descansando (acredito que Ele esperasse pela mulher) por volta do meio dia - o horário mais quente e menos provável de alguém “normal” buscar água no poço.
Lembremos da Grande Comissão: “Ide” (Mt 28:19).
Em Romanos 10:17, o apóstolo Paulo afirma: “A fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo”. Nos versos 14 e 15 ele raciocina logicamente: “Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?”. É óbvio que o primeiro passo para levar um pecador a Jesus é ir até ele com a palavra!
Leia os seguintes textos e observe este passo no ministério de Jesus: Mt 9:23-26; Lc 5:30-31; 7:37-39; 11:37-39; 19:5-6.
2º) INTERESSAR-SE (vs. 6 a 9)
Aprendemos com Jesus que temos que nos interessar pelos outros se quisermos que eles se interessem pelo que temos a falar. A narrativa bíblica nos mostra o interesse de Jesus em auxiliar a samaritana.
O sentimento que nos leva ao interesse pela pessoa que não conhece o Evangelho é a compaixão. Na Parábola do Bom Samaritano, em Lucas 10:25-37, Jesus deixa claro aos seus discípulos que eles deveriam demonstrar compaixão para quem quer que precisasse de seu auxílio.
Os Evangelhos relatam em diversas passagens a compaixão do Senhor, necessária para nos dispormos a levar as boas novas a alguém:
a) Em Mt 9:27, dois cegos clamar a Jesus: “Tem compaixão de nós, Filho de Davi!”;
b) Em Mt 9:35 e 36: “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, e curando toda sorte de enfermidades. Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque andavam desgarradas e errantes, como ovelhas que não têm pastor.”
c) Em Mt 14:14: “E ele, ao desembarcar, viu uma grande multidão; e compadecendo-se dela, curou os seus enfermos” (quando da 1a. multiplicação dos pães).
d) Em Mt 15: 30-32, Jesus demonstra sua compaixão na 2a. multiplicação dos pães: “Jesus chamou os seus discípulos e disse: tenho compaixão da multidão...” (v. 32).
e) Em Mt 20:30-34, Jesus sentiu compaixão pelos cegos: “E Jesus, movido de compaixão, tocou-lhes os olhos, e imediatamente recuperaram a vista, e o seguiram.” (v. 34).
f) Em Lc 7:11-14, Jesus compadeceu-se da viúva de Naim: “logo que o Senhor a viu, encheu-se de compaixão por ela, e disse-lhe: não chores.” (v. 13).
3º) DESPERTAR A CURIOSIDADE (vs. 7 a 9)
Jesus fez um simples pedido à samaritana: dá-me de beber. Entretanto, este pedido causou uma reação na mulher: “como você, sendo um judeu, pede água para mim, samaritana?”. O fato de judeus e samaritanos serem inimigos provocou esta reação. Porém, Jesus era diferente e a mulher interessou-se em saber o por que. Se nós agirmos da mesma maneira que o mundo, não despertaremos a curiosidade de ninguém para o que temos a oferecer.
As diferenças que o mundo precisa enxergar em nós:
a) a nossa união, como Corpo de Cristo: Jo 17:21
b) as boas obras que glorifiquem a Deus: Mt 5:13-16
c) a vida irrepreensível de um legítimo filho de Deus: Fp 2:14 e 15
d) uma fé que subsista aos olhares mais atentos: II Reis 4:9, Dn 6:3 e 4
Uma boa técnica para despertar a curiosidade é a da PERGUNTA estratégica:
i) Se o seu coração parasse de bater agora, para onde iria sua alma?
ii) Se você morrese, sua alma chegasse à porta do céu e lá um anjo lhe perguntasse: “Por que deveria eu deixá-lo entrar no céu?”. O que você responderia?
iii) Você sabe quantas religiões existem no mundo? Já lhe informaram de que, na verdade, só existem duas?
4º) DAR A PALAVRA CERTA NO TEMPO OPORTUNO
Apesar do interesse e curiosidade demonstrados pela mulher samaritana, Jesus trabalhou com ela com calma. A mulher estava envolvida na atividade de retirar água do poço e Jesus levou-a a interessar-se pela água viva (v. 10). Jesus mostrou-lhe que conhecia fatos acerca da vida dela (vs. 16-18) e a samaritana pensou que ele fosse um profeta. A mulher queria saber onde deveria adorar a Deus: em Gerizim ou em Jerusalém (v. 20). Jesus ensinou-lhe que Deus procura quem o adore em espírito e em verdade (vs. 23 e 24). Foi neste ponto que a mulher lembrou-se da promessa do Messias e que Jesus revelou-se como o Salvador prometido (v. 25 e 26).
O segredo para apresentar a PALAVRA CERTA no tempo oportuno é o trabalho na dependência do ESPÍRITO SANTO. Já vimos no “módulo 1” acerca da obra que o Espírito Santo faz, nos capacitando com poder, autoridade e sabedoria para evangelizar (Atos 1:8, Mt 10:19 e 20).
Para cada tipo de pessoa há uma maneira melhor de apresentar o Evangelho:
a) a pescadores: “Eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4:19).
b) a pessoas acostumadas à vida agrícola: o semeador (Mt 13:1), o joio e o trigo (Mt 13:24), os lavradores maus (Mt 21:33).
c) a apreciadores de esportes: I Co 9:24-27.
d) a conhecedores da vida pastoril: Jo 10:7ss
e) a familiarizados à rotina militar: Ef 6:10-17
5º) NÃO CONDENAR
Evangelizar não é se fazer juiz de alguém. O próprio Jesus não condenou a mulher samaritana - Ele falou do seu pecado, lembrando-lhe de seus cinco maridos. Ela mesma sentiu sua condenação. Em João 8:11, podemos observar a palavra que Jesus deu à mulher surpreendida em adultério: “Nem eu te condeno; vai-te e não peques mais”.
Condenar uma pessoa pelos seus maus feitos serve, muitas vezes, para fechar a porta de oportunidade para evangelizá-la. Lembremos que ser cristão é muito mais do que seguir regras como “não fumar” e “não beber”.
Lembre-se que quem convence a pessoa de seu pecado, da justiça de Deus e do juízo é o próprio Espírito Santo de Deus! (Jo 16:8).
_____
Autor: Paulo Rogério Petrizi - Adapatado por Robson Brito